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Comida de rua em Seul

Comida de rua em Seul

Coréia do Sul, Gastronomia

Há muitas maneiras de se conhecer um povo e sua cultura. Uma das minhas favoritas é através da comida. Os ingredientes e o preparo revelam muito de sua história, geografia e inventividade. Fiquei positivamente surpreso com o que encontrei em Seul.

O país tem uma culinária de personalidade e pouco conhecida além do estereotipado kimchi. Restaurantes, cafés, casas de chá, comidas de rua e mercados tradicionais. Por falar em comida de rua, é muito comum encontrar comidas sendo vendidas nas ruas num pojangmacha (포장마차). Estes, são pequenos estabelecimentos muitas vezes em barraquinhas e até sob rodas que vendem snacks típicos coreanos. Baratos, deliciosos e onipresentes são muito populares entre os locais.

comida coreana
Vendedor de kyeranppang (pão com ovo). Contraste da comida de rua com a rede de fast-food KFC. Foto: Alexandre Disaro
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Vendedores de mandu (bolinho de massa fina cozido no vapor) e hoppang (bolinho massudo também cozido no vapor). Foto: Alexandre Disaro
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Meninas pincelando o caldo no odeng (massa de peixe) para mantê-lo quente e saboroso. Foto: Alexandre Disaro
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Lee, vendedor de barrinhas de cereal sem açúcar. Snack perfeito para beliscar quando a fome aperta. Foto: Alexandre Disaro

Tive a felicidade de experimentar algumas dessas delícias que encontrei pelo caminho. Abaixo, algumas comidinhas de rua – para complementar coloco a palavra em coreano, assim, você conseguirá identificar quando for para lá.

Snacks salgados

Tteokbokki (떡볶이)
É uma massa de arroz com pasta de peixe, cebolinha, gochujang (pasta de pimenta com arroz, soja fermentada e sal), cebola, alho, sal, açúcar e outros temperos dependendo da receita. Visualmente, de longe parece um gnocchi ao sugo. A semelhança acaba por aí. A textura da massa de arroz lembra lula crua. O sutil agridoce soma-se ao gosto de peixe e alho. Em seguida, o picor da pasta de pimenta ataca. Que a cor vermelha sirva de alerta. Dependendo do vendedor as coisas podem ficar realmente quentes!! A segunda vez que provei tossi, lacrimejei e não consegui comer tudo.

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Tteokbokki. Foto: Alexandre Disaro

 

Odeng (오뎅)
É uma massa feita de peixe cozida num caldo apimentado. Você paga pelo espetinho de odeng e se serve de quanto caldo (odeng gukmul 오뎅국물) quiser. O gosto de peixe não é forte e a massa tem a consistência de uma panqueca mais borrachuda. O caldo serve como sopa e pode ser um excelente custo benefício para os que querem gastar pouco. Curiosidade: o nome vem do japonês oden (おでん) e a palavra foi incorporada no período colonial em que o Japão ocupou a península coreana. Diferentemente do Japão, onde oden refere-se ao prato em si, na Coréia refere-se ao ingrediente (bolinho de massa de peixe).

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Odeng. Foto: zee30

Mayakgimbap (마약김밥)
Tradicionalmente leva alga, arroz e um recheio: rabanete curtido, cenoura ou espinafre. Literalmente significa gimbap narcótico (mayak). Sim! Pois é impossível parar de comer de tão gostoso. E de fato é.

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Mayakgimbap. Foto: Alexandre Disaro


Jwipo (쥐포)
Discos de peixe curtido, prensado e levemente adocicado. Snacks bem famosos para se acompanhar alguma bebida alcóolica. Por ser curtido o gosto de peixe é realçado. O adocicado cria uma sensação estranha contrastando com a presença marcante do peixe. Snack curioso.

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Jwipo. Foto: Alexandre Disaro


Beotteo ojingeo (버터 오징어)
Lula seca e defumada. O vendedor coloca manteiga em um dos lados da lula e passa por uma máquina que esquenta, derrete a manteiga e ao mesmo tempo macera deixando com o aspecto da foto. O gosto evidenciado pela defumação harmoniza com a manteiga e cria um snack delicioso! A carne levemente moída e seca cria uma sensação de estar mastigando um carpete levemente umedecido. 

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Beotteo ojingeo. Foto: Alexandre Disaro


Kyeranppang (계란빵)
É um bolinho de ovo. A massa lembra a de waffle, só que não é doce. Durante o preparo, o vendedor coloca a massa dentro de um molde vazado no formato do bolinho. Então, quebra um ovo com clara e gema em cima da massa. Ambos cozinham no vapor. Ao morder, o gosto da massa levemente salgada é agraciada com a textura conferida pela umidade da clara recém cozida e da gema mole. Ótima pedida para um café da manhã às pressas. 

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Kyeranppang. Foto: Alexandre Disaro


Hoppang (호빵)
Pãozinho cozido no vapor e de recheios diversos. A textura lembra um travesseiro; dá vontade de afofar! A massa lembra a do pão chinês, com gosto insosso e toque de fermentação. Estes da foto são de kimchi e carne de porco (super apimentados) e de pasta de batata doce. Deliciosos e quentinhos.

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Hoppang. Foto: Alexandre Disaro


Mandu (만두)
Com uma infinidade de recheios podem ser fritos no óleo, na chapa ou cozidos no vapor. Estes eram de kimchi. A massa fina de farinha, água e sal lembra muito da sua irmã japonesa: gyoza

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Mandu. Foto: Alexandre Disaro

Snacks doces

Hotteok (호떡)
É a resposta coreana para as panquecas doces. Deliciosas e viciantes. São recheadas com açúcar mascavo, mel, amendoim e canela. Lembro de ter rejeitado da primeira vez que vi por serem preparadas num mar de óleo. Assim que experimentei arregalei os olhos surpreso com a delicia que descobrira. Imperdível.

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Hotteok. Foto: Blog Daum


Dalgona (달고나)
Esta bolacha doce é o snack mais simples que você consegue encontrar nas ruas. É feito de açúcar e de bicarbonato de sódio. O divertido é que além de snack é um jogo. Cada disco recebe o desenho de um molde no centro. O objetivo do jogo é comer o entorno do desenho sem quebrá-lo. Se a pessoa conseguir, ganha um dalgona de graça! Mal quebrei um pedaço do exterior e já estava querendo rachar o desenho ao meio de tão doce que é. 

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Dalgona. Foto: Alexandre Disaro


Hwanggolyeot (황골엿)
Doce de abóbora em barra. Seu gosto é sutil. O gosto de abóbora vem no final. A consistência lembra um torrone duro o suficiente para ser quebrado com tesouradas num formão. 

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Hwanggolyeot. Foto: Alexandre Disaro

Bungeoppang (붕어빵)
É um bolinho em formato de carpa (bongeo) recheado com pasta de feijão doce. Delicioso para os que, como eu, adoram pasta de feijão doce.

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Bunggeoppang. Foto: Segye


Shirieol ba (시리얼 바)
Barrinhas de cereais sem açúcar, com semente de girassol, amêndoas, semente de abóbora, gergelim torrado e um tipo de milho estourado. Saudáveis e crocantes. 

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Barras de cereal. Foto: Alexandre Disaro

Hodugwaja(호두과자)
Bolinhos com recheio de nozes e pasta de feijão doce. Outro vício.

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Hodugwaja. Foto: Alexandre Disaro

 


Yeonippap (연잎밥)
Arroz com oleaginosas (semente de girassol, nozes, semente de abóbora, castanha portuguesa, amêndoa), raiz de lotus, cozidos no vapor e na folha de lotus. O arroz glutinoso é levemente doce e seu exterior – por conta da folha – adquire um amargor e verdor. 

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Yeonippap. Foto: Alexandre Disaro

 

Gukhwappang (국화빵)
Bolinhos com recheio de pasta de feijão doce, em forma de crisântemo (gukhwa). Todos os dias na volta para casa comprava um pacote com seis. A casquinha fina, fofa, crocante e quentinha envolvia um recheio delicioso de pasta de feijão doce com uma pitada de canela – senti de leve.

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Gukhwappang. Foto: Alexandre Disaro

Vai encarar?

Sundae (순대)
É a versão coreana da salsicha de sangue. É feita de intestino de porco recheado com dangmyeon (um tipo de macarrão), centeio, sangue de porco, cebolinha, doenjang (pasta fermentada de soja), arroz glutinoso, kimchi (repolho fermentada e apimentado) e brotos de soja. Há inúmeras combinações de ingredientes e diversas variedades, provindas das distintas regiões do país. A salsicha também serve como ingrediente de alguns pratos coreanos como sopas e fritadas. As linguiças de sangue que já experimentei geralmente eram mais secas por dentro. Por conta do macarrão e arroz glutinoso o sundae mantém-se úmido e com a textura que me reportou aos charutinhos de arroz na folha de uva com arroz e carne. Geralmente é servido com lascas de pulmão.

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Sundae. Foto: lazy fri13th (CC BY-NC-SA 2.0)


Beondegi (번데기)
Larvas de bicho da seda cozidas num caldo de molho de soja com açúcar. Muito popular em parques e espaços abertos. O pessoal consome com um palitinho de dente. Ao morder você sente a crocância seguida pela explosão com o rompimento da casca. 

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Beondegi. Foto: Alexandre Disaro


Não consegui o nome mas achei interessante pois brincava com as conchinhas durante a minha infância. Chupa-se o bicho da concha com força. Esta panela estava ao lado do beondegi (larvas de bicho da seda). O caldo me pareceu bem translúcido. Arrisco dizer que fora cozido apenas na água e sal. 

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Foto: Alexandre Disaro

 

Jokbal (족발)
Pé de porco. Os coreanos adoram comer acompanhado de alguma bebida alcóolica. Geralmente consomem fazendo um wrap com o alface, uma pitada de alho e ssamjang (uma pasta feita com soja fermentada, a  pasta de pimenta, óleo de gergelim, mais alho, cebolinha e um pouco de açúcar mascavo). Dizem que é bom para curar ressaca. 

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Jokbal. Foto: baedal25


Há também snacks mais conhecidos para os brasileiros, como: espetinho de frango com legumes, batata frita, salsicha, cachorro quente, algodão doce, sorvete e waffle com creme. Resolvi deixar espaço para as versões coreanas. Não importa qual seu gosto, do mais entusiasta ao conservador, saiba que haverá um snack para você. Experimente-o, divirta-se tentando conversar com os vendedores e se surpreendendo com o sabor das comidas.

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About the author

Sou fotógrafo, moro em São Paulo e já estive em 16 países. O Viver a Viagem é meu projeto pessoal e vai além de dicas triviais; quero proporcionar uma imersão cultural e ajudar você a viajar com um olhar diferente.