Gyeongbokgung é o maior e mais antigos dos palácios imperiais de Seul. Foi construído quatro anos após o início da mais próspera e longeva das dinastias coreanas, a dinastia Joseon. Com o decorrer dos séculos passou por expansões, destruições e reconstruções. É sem sombra de dúvida o mais imponente dos palácios da Coréia do Sul. Se estiver por lá e puder conhecer apenas um dos palácios, que seja este.
Um pouco de história
O palácio foi construído em 1394 pelo rei Taejo, fundador da dinastia Joseon. Localizado ao final da Gwanghwamun Plaza – que funciona como a espinha dorsal de Seul, concentrando muitos dos principais pontos da capital sul-coreana como o palácios Gyeongbokgung, Deoksugung, o córrego Cheonggyecheon, a City Hall e o principal dos grandes portões (Namdaemun) – sempre esteve numa posição central. Aos fundos o Monte Bugak (Bugaksan), à frente a rua dos seis ministérios (Sejongno) e a entrada principal do palácio através do portão Gwanghwa (Gwanghwamun). Durante a invasão japonesa (Guerra de Imjin 1592-1598) Gyeogbokgung foi posto abaixo e incendiado. Consequentemente a corte real teve que se mudar para o Palácio de Changdeok (Changdeokgung).
Após ficar tanto tempo abandonado, em 1867 o palácio fora reconstruído formando um grande complexo, servindo como um símbolo icônico para a família real e para a nação coreana. Em 1895, logo após a morte da sua esposa Imperatriz Myeongseong, o rei Gojong deixou o palácio e nunca mais retornou. Mudou-se para Deoksugung.
Assim que o Império Japonês transformou Seul em sua colônia (1910-1945), o palácio foi sistematicamente demolido e reduzido a apenas 10 edificações. Estima-se que 90% da sua estrutura fora posta abaixo. Seul (então renomeada Keijo) tornou-se a capital colonial do Império Japonês. Durante este período, uma das formas mais efetivas de propaganda coercitiva foi a imposição de uma nova arquitetura. Em 1911, decidiu-se erguer uma edificação para sediar a nova administração geral. Nascia o projeto do Chungang Chong, ou o Edifício do Governo Geral da Coréia.
Projetado em estilo neo-clássico sua construção levou 10 anos, sendo concluída em 1926. Anacrônico ao estilo tradicional replicado à época – em madeira – a edificação usou e abusou de materiais caros e nobres como mármore branco e pedras de granito para denotar opulência. Por ser o epicentro do poder japonês, o prédio precisava demonstrar sua superioridade em todos os aspectos. Além da escolha de materiais caros, estilo arquitetônico e tamanho, havia mais um elemento a ser considerado: a localização. Fora decidido erguê-lo nos solos do Palácio Gyeongbok (Gyeongbokgung) – o mais importante dos cinco palácios de Seul – em frente ao hall do trono para erradicar o símbolo e legado da dinastia Joseon. Sua construção não apenas escondeu de vista todo o palácio como destruiu parte de sua estrutura para dar espaço à obra. Seul nos anos 20 ainda era uma cidade com casas com um ou dois pavimentos e telhados de palha na região central. O prédio foi um marco até os anos 60. Imagine quão opressivo foi para o povo.
Em 1989, o governo sul-coreano começou um extenso projeto de reconstrução (40 anos) das centenas de estruturas destruídas durante a época de colônia. Em 1995, o Edifício do Governo Geral da Coréia fora demolido para dar lugar a reconstrução do portão Heungnye (Heungnyemun) e seu respectivo claustro. É interessante mencionar novamente que de acordo com a geomancia coreana um palácio deve ser construído entre um córrego e montanhas. Os japoneses haviam erguido a edificação neste exato claustro onde passava o córrego e os principais portões de entrada do palácio estavam localizados.
Ao final de 2009, estima-se que 40% das estruturas presentes antes da época colonial foram restauradas e reconstruídas. Ainda há bastante trabalho a ser feito para recuperar toda sua magnitude.
O que ver?
Gyeongbokgung configura-se num eixo frente e fundos assim como Changdeokgung. O palácio é cercado por uma muralha e quatro portões (indicados de A a D no mapa). Ao passar pelo portão principal Gwanghwamun há uma área (1) onde é realizada a cerimônia da troca da guarda e uma outra área fechada (2-4) que leva até a sala do trono (5). Logo atrás da sala, há o espaço do rei (12) e o da rainha (17), os quais estão localizados ao lado do Hall Real do Banquete (19). A parte de trás do palácio é composta por jardins provados, templos, pavilhões, área residencial e a Biblioteca Real (26).
O portão Gwanghwan (Gwanghwamun) foi construído em 1426.
Em frente ao portão Heungnyemun (1) é encenada a troca da guarda. Assim como na Cidade Proibida (em Pequim) uma ponte (2) atravessa um córrego levando ao portão de entrada (4). De acordo com a geomancia coreana e chinesa, um palácio é erguido entre um córrego e montanhas. Ao fundo, é possível ver o Monte Bugak (Bugaksan).
Ao cruzar o portão chega-se ao pátio da sala do trono Geunjeongjeon (5). Cerimônias importantes, coroações e recepções de embaixadas estrangeiras eram realizadas lá. O hall de teto duplo está sobre uma base de pedra toda trabalhada em balaustres e esculturas de animais. A estrutura fora construída em 1395, queimada pelos japoneses na invasão de 1592 e reconstruída em 1867.
A Cidade Proibida da Dinastia Ming inspirou a construção do Palácio Gyeongbok. A influência vai além da semelhança com a arquitetura e disposição das edificações, mas também a alguns padrões culturais que definiam a maneira como o palácio era usado. Por exemplo, preste atenção às pedras dispostas no chão em frente ao Geunjeongjeon (5). Elas eram dispostas no pátio para indicar onde os oficiais deviam se posicionar durante as cerimônias do palácio. No interior do hall encontra-se o trono do rei. Ele é elevado e atrás há o emblema real – uma tipo de biombo com o desenho das cinco montanhas, sol, lua e pinheiros.
Sajeong (6) é onde o rei realizava seus serviços de escritório e reunia-se com os oficiais. Repare que interessante, tanto a sala do trono quando o Sajeong têm tronos. A sala de coroação tem um trono suntuoso, digno de cerimônias. Já o outro trono é mais simples. Note que também há o tal do biombo real (!).
Gangnyeong-jeon (12) é a residencia do rei. O telhado empenado denota a nobreza da construção. A edificação foi originalmente construída em 1395, destruída durante a invasão japonesa em 1592, reconstruída em 1867, incendiada em 1876 e novamente reconstruída em 1888. Em 1920 os japoneses a desmontaram para reconstruir uma outra estrutura. Em 1994, finalmente, fora reerguida e com o aspecto que vemos hoje.
Gyotae-jeon (17) eram os aposentos da rainha e ficavam logo depois dos aposentos do rei (12). Sua historia é parecida com a do Gangnyeong-jeon. Fora construído um pouco depois, em 1440. Foi incendiado pelos japoneses em 1592, reconstruído em 1867, também usado para a reconstrução outra estrutura pelos japoneses em 1920 e finalmente reerguido em 1994.
Gyeonghoeru (19), o Hall de Banquete, assim como a maioria da estrutura do palácio fora destruída durante a invasão japonesa em 1592, reconstruído na metade do século XIX e restaurando nos anos 90. A edificação é um pavilhão sem paredes, dois andares e foi erguida em cima de um lago artificial.
O Pavilhão Hyangwon (24) foi construído em 1873.
Geoncheonggung (25) foi contraído em 1873 para ser a residência privada do rei Gojong. Fatalmente, foi onde a imperatriz Myeongseong foi assassinada por um agente japonês em 1895. A estrutura fora demolida em 1909 pelos japoneses e reconstruída em 2007. Contrariando a elaboração das demais edificações, a residência privada do rei foi erguida apenas em madeira, sem o aplique do dancheong.
Jibokjae (26-28) era a biblioteca privada do rei. Originalmente, estava no palácio de Changdeok (Changdeokgung) e foi trazida de lá pelo rei Gojong em 1891, assim que a reconstrução de Gyeongbok pós-incendio teve fim. Notam-se várias influências chinesas nesta estrutura, como a parede de tijolos, disposição das colunas, escolha das cores, telhado e as telas de madeira.
O Museu Nacional do Palácio (E) e o Museu Nacional do Folclore (F) também estão localizados dentro do complexo.
Cerimônia de Troca da Guarda
A cerimônia é a realizada todos os dias das 10h às 15h.
Horario de funcionamento e preço
Adultos entre 19 e 64 anos: 3,000 won
Jovens entre 7 e 18 anos: 1,500 won
Crianças até 6 anos: entrada franca
Há uma ótima opção de ingresso combinado chamada Integrated Ticket of Palaces a qual você paga 10,000 won e tem acesso aos quatro palácios (Changdeokgung, Changgyeonggung, Deoksugung e Gyeongbokgung) e ao Santuário Jong (Jongmyo). O ingresso tem a validade de um mês.
Site oficial do Palácio: www.royalpalace.go.kr
Como chegar?
O acesso ao palácio se dá pela linha 3 do metrô na estação Gyeongbokgung, saída 5.
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Referências e Notas Explicativas