Se você alguma vez já buscou por imagens da Coréia do Sul seu inconsciente deve ter memorizado que uma padronagem de cores se repete. Roupas tradicionais, pinturas em templos, itens do dia-a-dia, danças folclóricas e até mesmo a elaboração de alguns pratos típicos seguem este esquema de cores. Seus olhos não estão enganados, essas são as verdadeiras cores da Coréia e juntas são conhecidas como obangsaek. Saiba quais são essas cores e seus significados; descubra como epitomizam o espírito coreano.
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As cores e seus significados
O xamanismo foi por muito tempo uma das religião da Coréia. Assim como sua pluralidade na crença em inúmeras deidades, várias eram as cores usadas nas vestimentas xamãs. Contudo, apenas com a chegada do confucionismo o obangsaek se consolidou.
Obang significa “cinco direções” (norte, sul, leste, oeste e centro) e saek “cor”. Cada direção tem uma cor correspondente.
- Norte: preto, inverno, água, rim, gosto salgado, sofrimento e conhecimento. A cor também é associada ao yin;
- Sul: vermelho, verão, fogo, coração, prazer e prioridade. A cor representava o yang;
- Leste: azul, primavera, árvore, fígado, deleite e benevolência. O sol nasce no leste, e por isso acredita-se que também é carregado de energia yang;
- Oeste: branco, outono, ouro, pulmões, pungência e raiva. Com o passar dos anos, a cor foi associada com o espírito coreano e tornou-se a cor nacional;
- Centro é associado ao amarelo, solo, baço, doçura, ganância e sabedoria. A cor era a mais nobre de todas e apenas o imperador podia trajar roupas amarelas;
Desde a antiguidade, os coreanos eram conhecidos como o povo da vestimenta branca. A cor representava a pureza, inocência e moralidade. Por estar presente do nascimento até a morte tornou-se a cor nacional. Há relatos, do final do século XIX, de ocidentais em missão à Coréia que ficaram impressionados com a homogeneidade e quantidade de pessoas vestidas de branco.
Exemplos
As cores foram amplamente utilizadas na antiguidade, compondo trajes para ocasiões especiais e decorando itens do dia-a-dia que faziam referência às preces para uma vida em paz. Com o tempo, a influência do obangsaek diminuiu, contudo, ainda é um elemento cultural muito importante e hoje se manifesta como desejo de saúde e longevidade.
Abaixo alguns exemplos de onde se encontra a filosofia das cores aplicada:
Roupas
O vermelho é a cor com mais yang, seguida pelo azul, e por isso são as cores escolhidas para a roupa de casamento.
É muito comum desejar saúde às crianças e este desejo se reflete na grande quantidade de roupas para crianças com essas cinco cores.
Artes tradicioanais
No samulnori (arte dividida em quatro atos com música e dança) os instrumentos representam os cinco elementos e suas direções janggu (leste), kkwaenggwari (oeste), buk (sul) e jing (norte), e no centro o mais importante que são as pessoas tocando em harmonia. A escolha das cores nas roupas dos dançarinos (calça branca, faixa, colete preto, faixa azul, vermelha e amarela) também refere-se ao yin-yang.
Na tradicional dança com as máscaras (talchum) é também evidente a influência das cores.
Arquitetura
As cores também podem ser encontradas na arquitetura, especialmente na pintura dos templos e palácios (esta arte chama-se dancheong). As cores são usadas para decorar partes específicas das edificações. O teto representa o céu e os deuses; e é cercado por nuvens e arco-íris. A parte inferior é coberta com azul e vermelho carmim, simbolizando a vida na terra.
Gastronomia
Uma típica refeição coreana é composta além do arroz, sopa e kimchi de cinco guarnições. Talvez o prato que melhor exemplifique a influência do obangsaek na gastronomia é o bibimbap. Dispostos em cima do arroz, os ingredientes colorem e representam as cores, e ao representá-las unimos os princípios do yin e do yang em harmonia. O prato é uma composição delicada e saudável proveniente dos ensinamentos da filosofia.
Em quais ingrediente encontramos as cinco cores?
- Azul (verde ou azul): pepino, cebolinha, salsão, entre outros;
- Vermelho: gochujang (pasta de pimenta), feijão vermelho, arroz vermelho, entre outros;
- Preto: feijão preto, arroz negro, gergelim torrado, alguns tipos de cogumelo, algas marinhas, entre outros;
- Branco: alho, batata, raiz de flor de lotus, nabo, broto de feijão, entre outros;
- Amarelo: abóbora, batata doce, doenjang (pasta de soja fermentada), shoyu, entre outros;
Terapia alternativa
Inspirada na terapia ocidental das cores a foi criada a terapia obnagsaek. As cinco cores representam a natureza humana e também os órgãos. Usado corretamente pode ajudar no tratamento físico e mental. A técnica é usada para balancear as energias de acordo com a necessidade. O preto representa o rim, depressão e sofrimento. O azul é associado ao fígado e ao reconforto, o vermelho ao coração, o amarelo ao baço e a força de vontade. Por fim, o branco remete aos pulmões.
Símbolos
O taegeuk é um vortex associado à última realidade (ao absoluto) da qual todas as coisas são originadas. Na Coréia é diretamente associado ao xamanismo. Este símbolo está presente em diversas coisas.
A bandeira sul-coreana usa a cor nacional (branco) como fundo, traduzindo-se em paz e pureza. O círculo no centro provém do yin e do yang simbolizando o equilíbrio do universo. O azul é associado às energias cósmicas negativas (yin) e o vermelho às energias cósmicas positivas (yang). Os trigramas pretos invocam os princípios de movimento e harmonia. Cada um sendo a representação de um elemento clássico (céu, fogo, terra e água).
Pelo que simbolizam, as cores do obangsaek são parte do dia-a-dia dos coreanos. Da próxima vez que você ver alguma imagens da Coréia do Sul ou quando estiver por lá, preste atenção às cores ao seu redor. Você se surpreenderá com a influência que a filosofia exerce sobre a cultura coreana.
Imagem da capa por z Q (CC BY-NC-ND 2.0)
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Referências e Notas Explicativas