Estou certo que você já viu a foto que ilustra o post. Ait Benhaddou é um ksar, um conjunto de construções em barro, madeira e palha cercada por uma muralha. O lugar é um perfeito exemplo de arquitetura da região que antecede o Saara marroquino. O Viver a Viagem esteve lá e mostra tudo para você.
Continue lendo para saber mais sobre:
O que é Ait Benhaddou
Ait em tamazight (berber) quer dizer tribo. Benhaddou é o nome da tribo. A tribo Benhaddou (Ait Benhaddou) é uma dentre tantas outras com suas casas de barro e palha. O que a torna tão especial é a sua beleza associada à preservação, ao status de patrimônio da UNESCO, à importância histórica e à facilidade de acesso.
Estima-se que a construção mais antiga da tribo não anteceda ao século XVII. A cidadela teve um importantíssimo papel na rota comercial que ligava o antigo Sudão a Marrakech através do Vale do Dra e da passagem de Tizi-n Telouet.
Dentro da muralha há casas, torres de vigia, palacetes com torres (kasbahs), mesquita, praça, terraço para secagem de grãos, um forte, um caravanserai e dois cemitérios (um judeu e outro muçulmano).
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No começo do século XX os habitantes começaram a sentir falta de facilidades como a energia elétrica, escola e hospital. Por volta dos anos 40 ou 50, as famílias começaram a abandonar suas casas na tribo e se instalar do outro lado do rio em casas de alvenaria. Nascia assim a cidade que vemos hoje.
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Ainda hoje não há energia elétrica no ksar. Tudo é a luz de vela. Há quatro ou cinco famílias que ainda vivem ali.
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Curiosidade: você sabia que muitos berberes carregam o nome da sua tribo no próprio nome? Mohamed, dono do Kasbah Tebi se chama Ait Ougrom Mohamed. Hamid, do Desert Luxurious Camp em Merzouga – em breve conto a história dele – se chama Ait Haddou Hamid. Desse jeito é possível saber de que tribo a pessoa é.
O que fazer
Visitar o ksar é o mais óbvio e obrigatório. Há três entradas:
- A entrada principal é a que todo mundo enxerga ao ver uma foto de frente, um portão bem central acessível ao cruzar o rio. Esta entrada é paga. Não custa muito, entre 20 ou 30 dirhams;
- A entrada pela ponte estava gratuita quando passei. Basta seguir o caminho após atravessa-la;
- A entrada pela saída, é gratuita e fica no canto direito ao cruzar o rio. Geralmente é por onde todo mundo sai;
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Há ainda uma quarta entrada, contudo, apenas para os que se hospedam no Kasbah Tebi. O Viver a Viagem se hospedou lá e conta tudo no post Ait Benhaddou – onde se hospedar.
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Ao entrar pelo portão principal há um kasbah restaurado e aberto para visitação. É possível ver os tijolos de barro que são usados na construção tradicional, o tipo de revestimento usado para recobrir a parede, o material usado para fazer o forro, as vigas de palmeira e muito mais. Imperdível!
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Dentro do ksar, caminhe pelas ruelas e suba até a fortaleza. Pelo caminho há lojinhas com souvenirs diversos e até um tear. É possível comprar tapetes tradicionais berberes ou apenas vê-los sendo feitos – imagino que o preço seja inflacionado dado o apelo turístico.
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O lugar já serviu como cenário para diversos filmes, como A Múmia, Gladiador, Alexandre, Babel e o Príncipe da Pérsia. Se você é cinéfilo aproveite o passeio para se sentir imerso em seu filme favorito.
Não há o que fazer na cidade nova. Caminhe pelas ruelas e observe os locais, tome um chá com hortelã e aproveite para comprar algo – se gostar de comprar. Apesar do apelo turístico a cidade é um vilarejo e não tem a agressividade dos vendedores de Marrakech. Aproveite para aprender a negociar como um marroquino.
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O legal do Marrocos, para quem gosta de comprar, é que tudo que é vendido é feito por e para marroquinos. Há souvenirs como camisetas, chaveiros e imãs, mas há muitas coisas bonitas e de qualidade não importa onde você vá.
Outra coisa deliciosa é ver o sol se pôr tingido o céu e as casas de laranja e rosa.
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Você pode fazer caminhadas pelo leito de rio tanto para cima quanto para baixo. Seguindo a rodovia P1506 50km para o norte há o maravilhoso kasbah de Telouet, ainda intocado pelo turismo.
Onde se hospedar?
Muita gente visita o ksar num day-trip. Uma pena, pois é muito bonito e interessante passear com calma pela estrutura e pela região. Para os que ficam, há duas opções: hospedar-se dentro do ksar ou do outro lado do rio, na cidade.
O Viver a Viagem ficou dois dias lá e experimentou o melhor dos dois mundos. No primeiro, ficamos do outro lado do rio na primeira casa a ser erguida com a mudança das pessoas da cidadela (entre os anos 40 e 50). Do terraço, é possível ver o ksar sem nenhuma interferência. Fiquei lá para poder ver o por e o nascer do sol com Ait Behaddou ao fundo.
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Há inúmeros hotéis à beira rio e outros tantos mais para dentro – sem vista ou com vista obstruída.
No segundo dia, resolvemos nos hospedar dentro das muralhas. Há dois ou três hotéis, sendo o Kasbah Tebi o mais bem estruturado e bonito. Ele ocupa dois kasbahs.
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Leia o post exclusivo sobre a experiência de ficar dos dias em Ait Benhaddou – onde se hospedar.
Como chegar?
Imagino que você tenha chegado por Tanger, Casablanca ou Marrakech e queira se aventurar pelo deserto. Ait Benhaddou fica numa região entre o Alto Atlas e o deserto. Você pode chegar até lá com uma companhia de turismo; carro próprio ou alugado; ou ônibus e grand taxi.
Companhia de turismo
A maioria das pessoas compra um pacote de três ou quatro dias para o deserto partindo de Marrakech e passa algumas horas em Ait Benhaddou, seguindo viagem para Ouarzazate, onde geralmente dormem. Se essa for a sua opção, não tem muito com o que se preocupar. O guia fará todo o serviço por você.
Uma maneira interessante de viajar com uma companhia de turismo é contratando um roteiro feito especialmente para você. Durante a nossa estada no Marrocos, contratamos o serviço da Wild Morocco para nos buscar em Ait Benhaddou e levar para o deserto de Erg Chigaga. Foi uma experiência maravilhosa!
Confira o post exclusivo para esta aventura Erg Chigaga – expedição ao deserto
Carro
Se estiver na Europa, atravessar o estreito de Gibraltar num ferry até o Marrocos é uma ótima opção! Apenas tenha em mente o tipo de aventura que você fará. As estradas do país são boas e geralmente asfaltadas. Contudo, se você quiser sair delas é aconselhável que alugue ou tenha um bom 4×4.
Se estiver vindo de carro de Marrakech, pegue a rodovia N9 e siga em direção a Ouarzazate. Ao chegar a Tabourahte, pegue a P1506 até chegar a Ait Benhaddou. Se quiser o caminho mais bonito, assim que cruzar a passagem Tizi N’Tichka, fique atento à sinalização e peque a P1506 à esquerda. Desça até chegar em Ait Benhaddou.
Se estiver vindo de Fez ou do Vale do Dra, siga até Ouarzazate e continue pela N9. Ao chegar a Tabourahte, pegue a P1506 até chegar a Ait Benhaddou.
Ônibus e grand taxi
Essa foi a opção escolhida. Comprei passagem de Marrakech até Ouarzazate pela Supratours e pedi para o motorista parar em Tabourahte. Lá dividi um grand taxi com outras pessoas até Ait Benhaddou. O ônibus custou 80 dirhams e o grand taxi 30 dirhams.
Se vier de Fez ou do Vale do Dra, pare em Ouarzazate e pegue um grand taxi a partir de lá.
Referências e Notas Explicativas