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Santos de argila em Tiradentes

Santos de argila em Tiradentes

Brasil

Caminhando pelas ruas de Tiradentes avistei seis imagens de santos de argila, os quais nem sabia os nomes. Cabisbaixos, com olhares distantes e dispostos por vezes de costas; com dedos alongados e expressivos que delicadamente se encontravam numa prece. Achei interessante a representação. Atrás de um dos santos havia a luz de uma luminária. Em silêncio ouvi apenas o raspar de algo.

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Santos na janela[1]
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Santo[2]

Lá estava um senhor a esculpir. Perguntei se podia entrar e vê-lo trabalhar. Com um sinal positivo dei a volta e comecei a observá-lo.

– Olá, meu nome é Alexandre. Fui atraído pela beleza do seu trabalho. Como o senhor se chama?
– Chico Ribeiro – respondeu enquanto esculpia sem olhar para mim.
– Sou fotógrafo e gostaria de registrar o seu trabalho, posso?

Um sorriso de satisfação foi o suficiente para eu me sentir à vontade. Encantado, capturava seus movimentos com o estilete dando forma aos dedos de uma mão. Foi a primeira vez que vi um artesão trabalhar na minha frente em algo tão delicado.

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Seu Chico esculpindo[3]
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Ferramentas do Seu Chico[4]
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Esculpindo[5]

Enquanto fotografava ele percebeu que eu estava realmente maravilhado com a situação. Mostrou-me uma outra mão já finalizada e todo faceiro pegou duas caixas. Dentro, havia cabeças prontas ricas em detalhes.

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De mãos dadas[6]
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Seu Chico me mostra com orgulho uma das cabeças dentro da caixa[7]
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Close rico em detalhes[8]
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Chico Ribeiro 2015[9]

– De onde você é? – perguntou-me.
– Sou de vários  lugares, mas moro em São Paulo. E o senhor, é daqui?
– Não, de Santo André – disse com um sorriso de como quem encontrara um vizinho.
– O senhor esculpe há muito tempo?
– 30 anos. Eu trabalhava com bronze e madeira, mas aqui o pessoal quer comprar santo em argila. Aí aprendi a esculpir no material.

Estendemos a conversa com mais amenidades enquanto eu fotografava o que ele orgulhosamente me mostrava. Percebi um sorriso de satisfação em seu rosto por apenas estar mostrando o seu trabalho. Sorri igualmente, meu trabalho como fotógrafo também fora apreciado com a permissão de registrar o belo sem compromisso. Quando registrei a última cabeça finalizada a bateria da câmera acabou; justamente na hora em que fotos não eram mais necessárias.

Agradeci o carinho e cumprimentei-o com um aperto de mão. Seu toque preciso e delicado revelava a graciosidade de um artista escondida na aspereza das mãos calejadas. Seu Chico voltara a esculpir e eu fiquei em silêncio, observando seu olhar compenetrado a dar forma à argila.

Feliz encontro.

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O charme da Rua Direita num dia de semana[10]
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Rua do Chafariz, o começo da rua mais famosa de Tiradentes[11]

Onde encontrá-lo

Rua Direita, 62 – Centro Histórico – Tiradentes, MG – Brasil.
Tel.: +55 (32) 8705-6589
De quarta à segunda-feira das 10h30 às 22h.

 

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CC-BY-NC

Referências e Notas Explicativas[+]

About the author

Sou fotógrafo, moro em São Paulo e já estive em 16 países. O Viver a Viagem é meu projeto pessoal e vai além de dicas triviais; quero proporcionar uma imersão cultural e ajudar você a viajar com um olhar diferente.